'Olho as minhas mãos'
Olho as minhas mãos: elas só não
são estranhas
porque são minhas. Mas é tão
esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas
anêmonas do fundo [do mar...
Fechá-las, de repente:
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse
alimento impalpável [do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que
vai secretando o [pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás,
panteras,
Águas cantarolantes, o vento
ventando
E no alto as nuvens improvisando
sem cessar.
Mas nada, disto tudo,
diz:"existo".
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a
morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no
ar...
Nem na estrela do céu nem na
estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de
tão velhos sonhos?
Quem faz - em mim - esta
interrogação?
Mário Quintana, 1999, p.50-51.
Cara Paulinha,
Nas mãos, nas teias, no mundo,
num tempo, num poema, no vento...
muitas vezes num estado de
estranhamento pelo desconhecido movimento da vida, que há de se
revelar sempre... te dedico este poema
no seu dia... e te desejo toda sorte de
BENÇÃOS para continuar o caminho
de criação da própria vida, assim como, de
interrogações sobre ela.
Que este... a partir de agora -
seu novo ano, seja repleto mesmo de
realizações reconhecidas,
sentidas, vividas... pois é preciso sempre sonhar.
Parabéns pelo seu aniversário e pela dedicação e incentivo constante para produção do Blog: psicanaliseeescrita. Sabemos que sem seu empenho o blog não teria saído dos nossos papos e se transformado numa pagina tão frutífera e linda.
Forte abraço e PARABENS!!!!!!
Cristianne (blogpsicanaliseeescrita).
Cristianne (blogpsicanaliseeescrita).